segunda-feira, 9 de maio de 2016

As notícias não podem ser sujas

O jornalismo vive hoje tempos que não são nada fáceis. E creio que, para além de muitas outras condições para a sua defesa, (condições económicas e financeiras, etc.) é a prática de uma seriedade que transparentemente convença o público da construção notícia entre os factos, os acontecimentos e as situações com a mais directa e possível veracidade. 

O público não perdoa a falta de verdade da notícia e esta circunstância é aquela que, porventura, mais contribui para que, a pouco e pouco, perca a credibilidade no seu jornal. Ora, estamos num tempo de voragem de notícias. E num mundo mediático em contínuo frenesim, é natural que cada media queira surgir, em primeiro lugar, a dar informação que tem em caixa. 

Pressente-se, por isso, no espaço mediático um clima de desassossego e de uma enorme movimentação de derrame de notícias, sem aquele cuidado de reunir os requisitos que devem ornar uma notícia. Prefere-se a especulação, a novidade inédita e ainda não dada, à preservação das tais condições que possam inspirar ao público leitor ou ao telespectador sinais de confiança e veracidade. É verdade que, hoje, já não há notícias “secas”. Isto é, a notícia não dispensa o enquadramento com os factos noticiados. 

A notícia sem fugir a correlação com os factos e as situações para se tornar atractiva e colher a atenção do público, tem de ser imaginativa, criativa, no seu modo de contar factos e situações.

Mas, sinceramente, o que hoje constato é um volume notícias que quase em seguida têm o seu desmentido com uma desfaçatez impressionante de um simples pedido de desculpas. Obviamente, que as desculpas vêm “enroupadas” numa série de justificações. Nem sei como não há mais pedidos de indemnização pela falsa notícia e especialmente a junção de nomes de pessoas que nunca tiveram a ver nada com o assunto. As notícias não podem ser sujas.

Jose Manuel Paquete de Oliveira

Jornal Publico. 09 Maio 2016

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