Estudantes
Timorenses residentes no estrangeiro
"Sera
que foram esquecidos?"
Nao ha nenhum ano escolar
que passe, sem que milhares de alunos deixem o conforto das suas casas e o país
que sempre conheceram para embarcar na aventura académica e pessoal que é
estudar no estrangeiro. No entanto, antes de começar a fazer as malas, há que
pensar bem nas vantagens e desvantagens de estudar no estrangeiro, o que pode parecer
uma ideia muito gira no início, mas na prática, nem todas as pessoas se
conseguem adaptar à vida noutro país, regressando muitas vezes antes de
concluído o tempo de estadia previsto.
A situação de "quase
total abandono" de muitos estudantes timorenses no estrangeiro
(nomeadamente em Portugal) é uma questão de primeira linha nas preocupações de
cada indivíduo.
Um exemplo: "A
realidade com que nos confrontamos é totalmente diversa
daquela que nos foi prometida em Timor", asseguram alguns dos estudantes
bolseiros que ingressaram num projecto do governo para estudar em Portugal no
ano de 2001. (Portugal recebeu 300 estudantes bolseiros em 2001).
Antes da independência de
Timor Leste (Maio de 2002) os estudantes Timorenses residentes no estrangeiro,
nomeadamente em Portugal usufruiam de um "estatuto especial"
suportadas por cada instituição. Tendo como exemplo o IPAD -
Instituto Portugues de Apoio ao Desenvolvimento, e pelas próprias
Universidades em Portugal em que eram consideravelmente apoiados a nível
de formalidades e
burocracias dentro do estabelecimento de ensino nomeadamente no que diz
respeito as candidaturas e recandidaturas as bolsas de estudo.
Este era um meio de
incentivo pelo qual os estudantes se apoiavam para que pudessem concluir com
aproveitamento o ano escolar e terminar o curso com sucesso. No entanto uma vez
"estrangeiros" confrontaram-se com várias dificuldades com
natureza humana, social e económica, desde a integração na nova sociedade, o
domínio e compreensão da língua, dificuldades de comunicação, e dificuldades
financeiras, tendo conhecimento e sabendo de antemão que o país do qual se encontram está em crise e sendo a língua uma barreira de comunicação, dificilmente terão sucesso na
vida escolar e profissional. Digo isto porque como "estrangeiros"
e vivendo numa sociedade oposta a qual vivem, vai ser muito dificil a
adaptação e integração perante a sociedade em si e perante o ensino, e caso não aja "amigos" e "familiares" para auxiliar nas condições básicas da vida, como e onde poderão
ter motivação para continuar a estudar?
Depois de Timor ter sido
declarado Independente, o factor "estatuto especial" tem vindo
a decrescer, foram efectuadas revisões de estatuto, aplicados novos critérios,
e diminuídas as hipóteses do apoio, (que tem sido uma "salvaguarda"
e um "incentivo" chave). A motivação e incentivo
para o sucesso escolar submergiu.
Há circunstâncias na vida
em que a dignidade humana pode exigir grandes sacrifícios, isto é,
heroismo. Ninguém tem autoridade moral para exigir de outro um comportamento
heróico. Cada um de nos tem essa obrigação, não porque outros lho peçam ou
censurem se o não fizer, mas porque as próprias coisas lho pedem, pede-o
sobretudo a dignidade humana. A história de todas as culturas esta cheia de
gestos exemplares deste tipo, fora do "normal estatistico".
Mas estas escolhas podem surgir na vida de todos os homens, em circunstâncias «normais».
Por parte do governo de
Timor Leste ainda não houve qualquer plano de ajuda extracurricular para aprofundar
os principais motivos de "abandono escolar" as principais causas, nem
qualquer plano de reestruturação, tais como atribuição de bolsa de estudo (o
que correntemente acontece em Indonesia e outros Paises Estrangeiros), como
exemplo, em Portugal, o que os estudantes Timorenses residentes em Coimbra
solicitam é a igualdade na atribuição de Bolsas de Estudo uma vez que não
usufruem na actualidade de hoje de nenhum apoio
continuo (www.atc.com.pt), com vista a que a taxa de abandono possa diminuir e os sucessos
possam aumentar.
Há que criar um plano
estratégico para auxiliar e motivar os estudantes residentes no estrangeiro
para que a finalidade de terminar o curso não se desvanessa. O Governo deve
conceder empréstimos e conceder bolsas para ajudar os estudantes a
suportar os seus custos de subsistência durante o período escolar.
É urgente que os
estudantes beneficiem deste apoio, o que chamamos de "princípio da
«portabilidade»" das bolsas ou empréstimos.
Ao abrigo da legislação
actual em Portugal, o Estado pode decidir livremente sobre esta possibilidade, e quanto ao nosso governo é uma
questão a ponderar uma vez que é importante o investimento na formação de
alunos residentes no estrangeiro no sector da educação tanto em Portugal como
noutros Países.
"Estudantes Timorenses
residentes no estrangeiro, Será que foram esquecidos?", eis
a questão.
por Dalia
Agostinho
Oxford,
02 de Agosto de 2012
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