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sábado, 19 de dezembro de 2020

“Ai Timor... se outros calam, cantemos nós.” - Opinião


Simone Agostinho
“Ai Timor... se outros calam, cantemos nós.” - Opinião

Ora, vejam bem...acham certo?

Que lei é esta que só protege o vencimento mensal dos que estão a ocupar grandes cargos no Governo, sem olhar para as primeiras necessidades do povo? Mas que privilégios são todos estes que nem lhes toca ver o seu povo viver na secura e na miséria? Tudo porque valorizam demasiado o Estatuto Social dos indivíduos que são privilegiados, e, têm de os proteger com estes direitos para toda a vida? 


Constroem-se cada vez mais universidades em Timor, os estudantes terminam os cursos universitários, ou não, acabam por ter de sair do país para procurar trabalho em outros países, com a missão de ajudar a melhorar a condição de vida familiar. 

O Governo não se preocupa em investir no presente e futuro  dos jovens em Timor, para não olhar para o passado. Sim, debatem sobretudo em investir dinheiro em novos carros topos de gama para transportar com chofeurs, os altos funcionários que exercem cargos relevantes ou não (pois alguns que estão sentados no Parlamento não vejo competência máxima, na função que eles ou elas exercem).

Temos mesmo esta necessidade de colocar o país em Estado de emergência, pela quinta vez ou mais, sem haver casos positivos devido a pandemia mundial provocada pelo COVID-19/Coronavirus? E as circunstâncias em que o povo vive, como é? São sustentados à base de obras de caridade alimentar até quando?

Temos mesmo necessidade em gastar dinheiro para um navio no valor de 14 ou mais milhões de dólares???

Os executivos que representam o Governo não se envergonham em tratar o Zé povinho que emigra em busca de melhores oportunidades, porque nada se passa em Timor para a juventude e não só, o povo tem andado nisto desde  o início da tão desejada independência, desde o primeiro Governo, para ser sincera, com a lata de chamar de “cavalo-marinho e/ou despenar galinhas nos trabalhos aqui no Reino Unido???

A consciência não lhes pesa minimamente??? Porque não levar o país para à frente olhando para as necessidades que o povo tem, dar motivos para o povo sorrir e ser um pouco mais feliz, sem ter que fazer as malas e emigrar???

Será que as boas regalias e melhores condições só são beneficiadas, favorecidas aos próprios e seus familiares, porque são as elites sociais que ocupam cargos elevados no Governo???

Aaahhh, pois... A lei protege somente os direitos a quem está sentado no poder, os pequenos que se amanhem. 

O Zé povinho é sempre vítima de injustiça social.

Quando haverá um ponto final para haver um novo começo?

O povo que abra as pestanas. Podemos acreditar nas nossas ideologias políticas, mas  nem sempre tudo o que os líderes dizem e prometem, cumprem. 

Nas campanhas podem até fazer mil e uma promessas, mas nem metade do que disseram, hão-de realizar. 

A primeiras coisas que fazem é assumir pastas e cargos, logo entregar os melhores cargos a familiares e amigos. 

Não me importo, desde que a pessoa seja realmente competente e saiba fazer o trabalho como deve ser feito, mas dar uma posição e trabalho a alguém que pouco ou nada sabe o que está para ali a fazer, é o mesmo que pôr a carroça à frente dos bois, não!?

Escrevo esta minha opinião porque também sou timorense e porque desejo o melhor para o nosso povo e para o país. Acredito e desejo num Timor muito melhor do que este, e, os que também foram geridos anteriormente, nas mãos dos mesmos governantes, sinceramente, como se não existissem mais timorenses com capacidade e competência para levar o país para a frente.

É por acreditarmos e venerarmos sempre os mesmos é que Timor está como está e como sempre esteve, a andar muito lentamente, que nem a passos de caracóis. 

Devemos ser mais corajosos e desfiarmos os grandes para erguer Timor para um futuro mais próspero, com ou sem o apoio dos mesmos. Se não houver mudanças, lá vamos vivendo e suportando uma república democrática das bananas que vão consecutiva e consequentemente repetir a mesma história de sempre. Quanto ao povo, tende a perder sempre no fim. 

Muitos sem trabalho, outros trabalhando com um salário mensal de menos de 200 dólares. A Inglaterra vai fechar em breve as portas aos estrangeiros com a mão-de-obra barata e gente que não vem com altas formações académicas e/ou profissionais, e, sem experiência profissional já exercida. Vai executar a mesma lei que a Australia, apostando em qualidade e não quantidade. Mas o desespero e pânico têm levado centenas e centenas de timorenses a emigrar, arriscando tudo para poder entrar no Reino Unido antes que a porta se feche por completo, com esperanças de iniciar uma vida nova e melhor por cá, acima de tudo ajudar a suportar a família em Timor. O povo vai saindo, Timor parece estar mais vazio e leve. Quanto aos intocáveis, a consciência não lhes pesa, nada lhes atinge, pelo contrário saem sempre a ganhar, porque têm mais olhos que barriga e vivem à grande e à francesa.

De Governo para Governo, líder para líder, seja quem estiver na liderança,  onde fica a vossa responsabilidade?

Timor não parece ser do  povo, Timor é de quem Governa. Sempre foi e não há-de mudar, infelizmente. 

“Ai Timor...se outros calam, cantemos nós.”

Simone Agostinho
Oxford, 11 Dezembro 2020

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